Roteiro: David Land
Arte: Sunny Lee
Distribuidora: DC Comics
ONI, o jogo eletrônico de 2001, marcou gerações. Não só precisava de um poderoso computador para rodar como também trazia o gênero Beating Up para o ambiente 3D.
O que muita gente não sabe é que essa obra teve três quadrinhos que foram às bancas um mês depois do lançamento do jogo, produzidas pela DC Comics (Batman, Ligada da Justiça).
E assim como grande maioria das adaptações ou sequências de jogos que viram filmes tendem a estragar o universo do game da qual fazem parte, o mesmo ocorre com os quadrinhos. Mas será que acontece o mesmo com os gibis do ONI?
Um péssimo início para um grande fechamento
A história do quadrinho começa tão explosiva quanto o início do jogo (isso é, após o tutorial). Temos Konoko (sim, é uma clara alusão à Motoko, personagem do renomado mangá e anime Ghost in the Shell) em sua moto, fazendo seu trabalho de policial dando muita pancadaria nos capangas do famigerado sindicato.
A primeira edição até possui momentos de investigação (já que diferente do jogo, que pode depender só da interação, o quadrinho depende de uma boa história) porém foca em grande parte nas brigas, finalizando com um robô perigoso encurralando nossa heroína.
Na segunda edição somos apresentados um pouco mais à história que, até este momento, ainda parece pouco promissor.
Assim conhecemos o professor Nakamura e seu ajudante, um S.L.D. que não passa de um assistente sem consciência, em forma de uma criança. Nakamura criou esta criança com sua máquina, Nakamura Engine, que pode transformar energia em qualquer tipo de matéria.
O Sindicato, uma organização criminosa, tem como objetivo ficar criando armas com esta máquina que, literalmente, pode criar qualquer tipo de coisa. Sim, nem todo vilão de vídeo game é inteligente (infelizmente).
Até a edição #2 de #3 o quadrinho é raso desta maneira. Aparentemente com uma fraca história e muita ação que, apesar de tentar introduzir traços de mangás japonês em uma arte nitidamente ocidental, não possui um desenho muito bonito.
O quadrinho ONI tem uma grande reviravolta no final
A segunda edição termina um tanto sinistra, com a heroína do game caindo em um poço enquanto seguia um fantasma, descobrindo uma cidade popularizada por crianças.
Esta parte é uma verdadeira surpresa para o leitor. O S.L.D que fugiu do Sindicato após a morte do professor Nakamura ganhou consciência própria, encontrando outros S.L.Ds mirins na mesma situação e criando uma cidade segura nos esgotos da cidade.
Sim, é inacreditável a reviravolta filosófica que o quadrinho insere do nada após duas edições que são, no máximo, medíocres. Infelizmente, sendo um quadrinho feito com o propósito de promover o jogo, ele termina de maneira abrupta, com uma solução rápida e sem impacto.
Apesar de um início medíocre, consigo recomendar as três edições do gibi ONI por duas razões: a primeira por trazer referências nostálgicas aos leitores mais antigos que conviveram com obras como Ghost in The Shell, Akira e até mesmo o game ONI, e a segunda pela reviravolta filosófica que pega o leitor completamente de surpresa ao final do conto.
Eu poderia esconder o spoiler nesta análise, mas dificilmente alguém leria se dependesse somente das duas primeiras edições.