Título Original: Death on the Nile
Escritora: Agatha Christie
Tradução: Newton Goldman
Editora: Círculo do Livro
Ano: 1937 (Mundo) – 1983 (Brasil)
Imagine embarcar com alguns convidados para navegar por alguns dias no rio Nilo, com o objetivo de conhecer as belas paisagens do Egito, e nesta embarcação ocorrerem assassinatos. É nessa situação que se encontra o detetive mais famoso da autora Agatha Christie no conto A Morte no Nilo, que envolve uma tragédia romântica e muito mistério.
A Morte no Nilo é um conto que segue uma tendência da Agatha Christie
A Rainha do Crime adora isolar seus personagens em ambientes hostis e um tanto atmosféricos, seja em trens (Assassinato no Expresso do Oriente), aviões (Morte nas Nuvens), em ilhas (E Não Sobrou Nenhum) e até mesmo em mansões (A Casa Torta).
A Morte no Nilo não é diferente, com os personagens passando mais da metade do tempo em uma embarcação. Hercule Poirot, de férias, se vê entrelaçado em uma teia de amor e traição, que conta com um triângulo amoroso perigoso e cruel.

Lindas paisagens e personagens interessantes aguardam o leitor em A Morte No Nilo
A Morte no Nilo apresente uma vasta quantidade de personagens interessantes e de diversas nacionalidades, o que deixa a trama mais diversificada e fácil de acompanhar, já que cada personagem se destaca bem. Essa é uma fórmula já conhecida da autora, e é incrível como ela consegue fazer sempre algo novo com o mesmo método.
No entanto, o romance, ou melhor, o drama gerado desse romance, é mais proeminente na narrativa, tanto que, somente após a página 100 ocorre um assassinato de fato. E como já temos um triângulo amoroso, o suspeito, aparentemente, fica evidente, mas nem tudo é o que parece.

O excêntrico detetive de Christie aparece em sua forma mais relaxada no conto, colocando suas células cinzentas para trabalhar, ao mesmo tempo que filosofa sobre os dramas da vida. Em diversos momentos rolam certos interesses amorosos entre os personagens do livro, que vão desde socialistas, arqueólogos, escritoras e muitos outros contrastes que faz o detetive se perguntar sobre as diversas formas de se relacionar do ser humano.
Entre essas divagações, o mais proeminente é como duas pessoas podem se salvar ao se encontrarem e relacionarem, como podem se destruir.
O livro está nos panteões dos melhores da escritora
Na minha opinião, A Morte no Nilo é excelente, mas longe de ser uma das melhores tramas de mistério da Rainha do Crime, mesmo sendo uma das obras mais cobiçadas pelos leitores da autora. Apesar da narrativa surpreender e saber ludibriar o leitor em diversos pontos, não me pegou tanto. Mas ele tem um diferencial em relação aos outros livros do detetive Hercule Poirot quando se trata do fator humanos e de questões sociais, o que me lembra um pouco o livro A Casa do Penhasco, que traz fatores mais dramatizados da vida humana.
O livro também consegue não ter nenhuma desculpa em seu enredo. Todos os pontos são inteligentemente interligados, e todas as conexões futuras são, em páginas anteriores, mencionadas de alguma forma no passado, mostrando todo o esmero que Christie tem em escrever um bom mistério sem furos.

Mesmo não sendo uma das obras que mais me surpreendeu da autora, gostei muito do livro e das adaptações cinematográficas de A Morte no Nilo. Os fãs da Rainha do Crime vão amar, assim como os fãs de mistério.