Título: Gabriel Knight – Sins of the Fathers
Escritora: Jane Jensen
Editora: Roc
Ano: 1997
É comum criticarmos filmes baseados em jogos eletrônicos por não serem fiéis ao material original. Mas e quanto aos livros? Será que ocorre o mesmo?
Gabriel Knight, um jogo de adventure lançado para os computadores em 1993 pela agora defunta Sierra, fez muito sucesso na época, principalmente pela sua atmosfera misteriosa envolvendo a prática Vudu no estado da Luisiana.
O livro, que carrega o mesmo nome do jogo: Gabriel Knight – Sins of the Fathers (O Pecado de Nossos Pais), foi escrito pela mesma escritora do jogo, Jane Jansen.

Forças sobrenaturais e assassinatos misteriosos compões a obra Gabriel Knight
O protagonista do livro, Gabriel Knight, luta contra a procrastinação e seus pesadelos do passado de seus ancestrais enquanto tenta escrever seu livro baseado nos Assassinatos Vudu, uma série de mortes que têm ocorrido em Nova Orleans, Luisiana, cidade onde habita.
Morando na livraria da qual é dono, Gabriel tem ajuda de sua assistente Grace e do policial Mosely. Este último, sempre que pode, deixa o protagonista acessar as cenas do crime para pegar ideias e dar uma incrementada em seu livro, na esperança de se tornar um dos personagens do conto.

Com esta introdução, somos lançados ao mundo de Gabriel Knight, tanto no jogo quanto no livro que, aliás, é completamente fiel ao material original.
E acredite, isso pode ser um problema!
Se você não pegou a era dos jogos de apontar-e-clicar dos anos 90, não sabe a frustração que era querer continuar o mistério e não conseguir prosseguir por se deparar com um quebra-cabeças bobo e sem lógica, na qual existia somente para prolongar o tempo de jogo.
E infelizmente, esses quebra-cabeças também estão presentes na obra literária. É inacreditável a fidelidade com a qual Jane Jensen escreveu o conto. É literalmente cada pedaço do jogo narrado nas 366 páginas no livro.
Acredite, um livro (ou filme) completamente fiel a obra também pode ser tão ruim quanto não ter nada em comum com o material original. O jogo eletrônico é um tipo de mídia totalmente diferente de um livro, já que possui como maior foco a interação, e não a imaginação (já que entrega tudo pronto ao jogador, desde a imagem ao som).
Isso é um problema na obra literária, porque alguns eventos que dão progressão à história podem parecer ridículos. No jogo, que depende da interação, pode ser algo natural, mas no livro acaba sendo só uma ação boba que da continuidade a um evento muito importante, o que pode parecer uma desculpa ou uma escrita relaxada aos olhos do leitor.

Um grande mistério para ótimos personagens
Mesmo assim, ter mais semelhanças ao material original é melhor do que se afastar dele.
Os personagens são muito interessantes, com personalidades fortes assim como no jogo eletrônico. Por mais que o leitor não se identifique com alguns deles, dificilmente não irá gostar de vê-los em ação, já que possuem características cativantes identificáveis principalmente nos diálogos.
Além disso, o livro possui uma atmosfera muito envolvente. Se você gosta de mistérios com aquela atmosfera noir, Gabriel Knight não irá lhe deixar na mão. Com um aspecto sombrio e reviravoltas de tirar o fôlego, o livro deixará o leitor com o coração na mão em diversos momentos.

No entanto, fique atento que o livro, assim como o jogo, possui alguns momentos de aventura arqueológica e ação, as vezes deixando o clima de mistério em segundo plano. No entanto essas partes ocorrem mais para o final do livro e não estragam a atmosfera sombria que o conto proporciona.
Se você jogou Gabriel Knight, talvez possa achar um pouco maçante o livro por ditar exatamente o que você jogou no computador, inclusive aqueles eventos bobos que só existiam para dar progressão à história. Se você ainda não leu, essa pode ser a oportunidade para ler um mistério sobrenatural com personagens cativantes e uma atmosfera completamente imersiva.