Título Original: Black Coffee
Escritores:
Agatha Christie (peça de teatro), Charles Osborne (adaptação para livro)
Tradução: Gilson B. Soares
Editora: Record
Ano: 1930 (Teatro, Mundo), 1999 (Brasil)

Agatha Christie deixou um legado de contos de detetives, talvez só rivalizado por Arthur Conan Doyle com seus contos do Sherlock Holmes.

Toda vez que lemos um conto da Rainha do Crime, sabemos que estamos mais próximos de ficar sem histórias novas da autora para ler. Nós últimos anos porém, seus cadernos de anotações têm sido explorados, trazendo à luz novas histórias quase finalizadas da autora.

Assim tem sido com os contos O Incidente da Bala de Cachorro e A Captura de Cérbero, finalizadas pelo autor John Curram (na minha opinião, duas histórias bem fraquinhas. Não é a toa que Christie os manteve em seus diários).

Café Preto autora Aghata Christie
Agatha Christie, a “Rainha do Crime”.

No entanto um mais antigo chamado Café Preto, conto para teatro da qual Christie por vezes escrevia, foi adaptado para uma novela de mistério por Charles Osborne (biógrafo da autora). Este é um conto legitimamente da Dama do Mistério, visto que a obra já estava completa, e só foi adaptada para livro em formato de suspense (e não peça teatral) como os contos mencionados acima.

Sim, ele esta de volta! Hercule Poirot protagoniza Café Preto

Agatha Christie fez grande contos únicos, como seu best-seller E não sobrou nenhum ou as histórias de Miss Marple, mas não da para negar que adoramos uma aventura com o detetive mais famoso da autora, Hercule Poirot.

E ele vem acompanhado mais uma vez de seu amigo, o alegre e atrapalhado capitão Hastings.

Convidados para irem à uma mansão, Poirot e Hastings pegam o trem da noite para ajudar o temeroso Dr. Claud Amory, um famoso cientísta que está para terminar a fórmula de um poderoso novo explosivo. No entanto, o mesmo desconfia que alguém de sua família pretende matá-lo e roubar a fórmula.

Infelizmente, momentos antes do detetive chegar, a sala onde toda a família de Claud se encontrava (junto dele) tem as luzes apagadas, e ao retornar a claridade, o cientísta se encontra morto e sua fórmula roubada.

Agatha Christie era realmente uma visionária: misturar um bom Café Preto com um bom mistério!

Se tratando de uma peça de teatro, logicamente o conto se passa em poucos locais. Para ser mais exato cinco: A biblioteca onde ocorre o crime, o escritório de Dr. Claud, o quarto de visitantes onde fica o capitão Hastings, o jardim da casa e, no início do conto, a casa do nosso perfeccionista detetive Belga.

Mas não se preocupe, os locais são altamente atmosféricos e a narrativa muito interessante. Além disso, o livro é relativamente curto. Somente 175 páginas com letras bem grandes.

O que deixa o conto interessante mesmo são os personagens. Apesar de ter aquelas reações um pouco forçadas (por vezes), muito conhecido das escritas de Christie (como alguém soltar um “gritinho de surpresa”) todos os personagens são bem orgânicos com personalidades bem distintas.

Temos a sobrinha independente e progressista, naquela época em que a mulher era obrigada a seguir certas etiquetas, o lívido e cheio de problemas casal Richard e Lucia, este primeiro filho de Sr. Claud, a irmã inglesa da velha guarda do cientísta Caroline, assim como dois membros fora da família: o secretário de Dr. Claud chamado Edward Reynor e um convidado, o Dr. Carelli.

Alguns outros personagens surgem, como o médico e o mordomo da família, assim como o nosso estimado chefe de polícia Japp.

Agatha Christie Café Preto capas de livros
Algumas das capas do livro. As duas primeiras são brasileiras, a terceira italiana e a última inglesa.

Um gostoso Café é mais forte que o próprio mistério

Eu me diverti muito, e terminei bem rápido o livro, mas não vou negar que fiquei um pouco decepcionado com o final.

O verdadeiro criminoso era um dos personagens que estava na minha lista de dois suspeitos, e se provou verdade. Depois que li Assassinato no Expresso do Oriente, fico sempre aguardando um grande final dos livros da Dama do Mistério, mas logicamente dificilmente veremos um final como este. Porém achei Café Preto muito abaixo da média no quesito mistério. Muito fácil de solucionar.

Mesmo assim, a verdade é que Café Preto é uma pedida certa para os amantes da Aghata Christie. Altamente atmosférico, em uma casa super atmosférica ao estilo A Casa do Penhasco e com o melhor da personalidade do nosso mon ami Hercule Poirot e capitão Hastings. A fraca resolução do mistério não atrapalha a excelente jornada que é a leitura deste livro.

Até mesmo Miss Marple, outra personagem de Christie, já foi peça de teatro.
Por

Escritor, crítico e redator aficionado por livros e jogos eletrônicos. Conhecido como Veritas Volpe no ambiente artístico e literário.

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