Autor: Philip Gardiner
Tradução: Claudia Gerpe Duarte
Editora: Cultrix
Ano: 2008 (Mundial)
Não tem quem não lembre do nome James Bond ao escutar a palavra espionagem, seja no mundo dos filmes ou dos livros. Apesar de ter ficado mais conhecido nos filmes, os livros obtiveram um satisfatório sucesso nas mãos de Iam Fleming (hoje em dia, com a morte de Flemming, muitos escritores adaptam as histórias originais dos filmes para os livros, ou criam aventuras completamente novas). Neste enorme universo de espionagem, não tardou a surgir escritores para escrever sobre a vida da pessoa que criou James Bond. No entanto, poucos (ou segundo “O Código de James Bond“, nenhum) escreveu sobre as crenças de Iam Flaming.
Philip Gardiner não é somente mais um a falar do famoso escritor, devo admitir! Sua ideia de explorar o lado da crença de Flamming foi genial e ousada… porém muito mal executada.
O perigo, sólido como se fosse uma terceira pessoa, se encontrava na sala.” – Frase retirada do livro “Moscow contra 007 (From Russia With Love)” por Iam Fleming
“O Código de James Bond” fala sobre o espião, ou sobre a ideia Gnose?
Além do livro ser confuso e extraviar-se do assunto proposto (James Bond) por diversas vezes, é mais do que visível que não passa de uma auto promoção das outras obras de Gardinder, pegando carona na fama do espião mais famoso do mundo. Apesar do livro começar com algumas abordagens interessantes, logo nas primeiras páginas já fica difícil acompanhar o restante do livro. Não se engane em pensar que ao comprar “O Código de James Bond” você lerá sobre o espião, pois você está adquirindo uma obra sobre Alquimia Gnose. Se você desconhece estes termos, não se preocupe, você será introduzido a eles logo no início do livro, porém pouco o auxiliarão a acompanhar a bagunça que é o resto desta obra.
Os pontos positivos do livro são algumas curiosidades sobre a vida do criador de James Bond (Iam Fleming) assim como personagens e fatos históricos envolvendo a alquimia gnose (e fique ciente que estes pontos interessantes são raros!). Não é como se o livro em si fosse ruim. Existem algumas reflexões e comparações sociais, filosóficas e religiosas em relação a humanidade. No entanto, essas partes são raras, e quando presentes requerem, na maioria das vezes, conhecimento sobre Gnose, na qual não é proposta descrita na capa e muito menos na sinopse do livro.
[…] pois a sociedade, criada pelo homem, nos colocaria a todos em correntes psicológicas se permitíssemos. Dos ciclos de débito e crédito que nos mantém correndo cegamente na roda do trabalho, ao logro religioso e sociopolítico com a qual somos continuamente bombardeados.” – Philip Gardiner, pág. 123
A alquimia gnose é uma ideia com bases sólidas, e traz diversos pontos interessantes para se analisar com a sociedade e a filosofia. Alguns pontos são fortes, porém, além de não ser a proposta do livro, também requer certo conhecimento no assunto. É como passar a bíblia para um ateu em alguma página aleatória e pedir para ele entender o contexto. É bem provável que grande parte das pessoas que adquiriram está obra se sentiram enganadas ao faze-lo.
Outro fator que o leitor deve se atentar é que “O Código de James Bond” enfatiza (quando a obra fala de James Bond, e não da Gnose) os livros do espião, e não os filmes. Então, fique avisado meu querido leitor, se você busca uma obra para saber das curiosidades dos filmes do 007, pode esquecer. Apesar de mencionados de vez em outra, quando se trata do espião, o foco são os livros, mesmo por quê a obra de Gardiner é focado no criador do espião, que viveu apenas para ver dois de seus livros irem para as telinhas do cinema. É curioso que, no início do livro, Gardiner diz ter criado “O Código de James Bond” após ver os filmes do espião, porém focou nos livros originais de Fleming quando escreveu sua obra.
A não ser que você já tenha lido outros livros de Gardiner (e goste deles!) ou então acredita na Gnose e nas teorias de sociedades secretas a elas atribuídas, não recomendo este livro. São poucas as comparações realizadas ao universo de James Bond que façam sentido sem a Gnose envolvida. Muitos temas poderão não fazer sentido se você não estuda sobre este universo. “O Código de James Bond” foca em vender as ideais e os outros livros de Gardiner do que no espião em si.
[…] Preferira ser um majestoso meteoro, com cada átomo em meu brilho magnificente, do que um planeta adormecido e permanente. A devida função da vida é viver, não existir. Não vou desperdiçar meus dias tentando prolongá-los. Pretendo usar o tempo.” – frase de Iam Fleming no livro “O Código de James Bond” – pág. 26