Autor: Bram Stoker
Tradução: Theobaldo de Souza
Editora: L&PM Pocket
Ano: 1897 (Mundo), 1998 (L&PM Brasil)

Acredito que podemos dispensar apresentações quando falamos em tão conhecido personagem, não é mesmo?

Hoje em dia, é comum as pessoas conhecerem Drácula pelas mais variadas mídias de entretenimento; seja no filme protagonizado por Keanu Reeves, ou pela saga de jogos eletrônicos Castlevania. Sem contar nas inúmeras séries de televisão derivado do conceito vampiro, como Buffy – A Caça Vampiros, The Vampire Diares, True Blood, etc…

Drácula, filme de 1992 com KEanu Reeves
O filme de 1992, interpretado por Keanu Reeves, possui muitas inconsistências, principalmente com a personalidade dos personagens do livro.

Mas os amantes de livros sabem muito bem de onde se origina o arquétipo atual do famoso personagem: Drácula de Bram Stoker. Apesar de vampiros terem se tornado um sucesso na Europa ocidental ainda do século XIX, e em determinadas regiões do oriente (que possuíam lendas derivadas dessa criatura), foi a obra de Bram Stoker que, além de alcançar elevado sucesso, também foi portado para diversos países, sendo traduzido nas mais derivadas línguas.

Drácula de Bram Stoker é baseado em um personagem real

Baseado em um personagem real da Romênia, conhecido como o conde Vlad Tepes (se pronuncia Tapesh, que significa empalador), a obra de ficção de Bram Stoker pega emprestado este cruel rei e transforma seus atos horrendos em um pano de fundo para a criação de seu personagem Drácula.

Vlad Tepes, personagem real inspirou a obra Drácula de Bram Stoker
Pintura real do cruel rei da Valáquia (sul da Romênia de 1448), conde Vlad Tepes (Vlad III), o empalador.

Apesar de utilizar um mito (vampiros) que causou histeria coletiva na Europa, Drácula de Bram Stoker, lançado em 1897, não fez tanto sucesso quando começou a circular nas livrarias europeias, apesar de ter vendido razoavelmente bem nas prateleiras. Porém, hoje em dia, o livro do escritor irlandês só perde para a Bíblia em quantidade de publicações. O próprio Stephan King, o famoso escritor de obras de terror norte americano, considera Drácula um dos três grandes clássicos do gênero de terror.

Não é somente pelo seu suspense e obscura atmosfera que Drácula de Bram Stoker se destaca. O cenário da época é muito conveniente também. A Inglaterra vitoriana, em sua transformação oriunda da revolução industrial, cenário onde viveu grandes personagens literários como Sherlock Holmes e Dr. Watson, sempre me pareceu muito propício para histórias de terror. Stoker ainda demonstra domínio literário ao narrar o livro de maneira epistolar; Drácula é contado por meio de cartas trocadas entre os personagens, gravações em gramofones e anotações em diários. Este fato deixa ainda mais atmosférico e imersivo a história de Drácula, transformando o conto sobre a criatura Vampiro, já muito utilizado e fadado em 1897, em um clássico do horror literário.

E quando falamos em clássicos do horror, muitos autores surgem em nossas cabeças e suas mais derivadas obras. Edgar Alan Poe, H.P. Lovecraft e o próprio Stepham King, mas nenhum alcançou tamanha fama como Stoker, que somente com Drácula, criou uma obra de terror irrivalizável.

Bram Stoker, criador de Drácula
Bram Stoker, criador do livro Drácula que, segundo a Super Interessante, fica para trás somente da bíblia em número de publicações.

A atmosfera não é o único fator a transformar este livro no clássico que é hoje. Os personagens da trama são muito interessantes, apesar de serem o esteriótipo de virtude da época. Ler as cartas de Jonathan Harker enquanto parte para a aventura de livrar sua noiva de um monstro sem paralelos, mostra a batalha do desespero humano contra a frieza necessária para se enfrentar um inimigo de natureza desconhecida. O trabalho em equipe é outro atrativo do livro. Por vezes os personagens devem se separar para se encontrar em determinado ponto, construindo suspense e deixando o leitor aflito em saber o que está ocorrendo com os outros personagens.

Drácula de Bram Stoker, narrado em grande parte pelo personagem Jonathan Harker, possui somente um problema: longas descrições sobre o cenário. Em grande parte, essas narrações ajudam ao leitor imaginar melhor o cenário e construir a atmosfera, porém ler 3 páginas de descrições das montanhas em um livro que possui mais de 530 páginas (em sua versão de bolso!) não torna a leitura fácil. Mesmo assim, o conteúdo é tão forte e cheio de suspense que é difícil dizer que o livro é maçante, mesmo com este contratempo.

Drácula de Bram Stoker, na redação do Café com Leitura
Drácula de Bram Stoker na foto acima, tirada na redação do Café com Leitura. Possui 549 páginas e foi o livro utilizado para está análise. Ah, ali não é sangue não, é Campari!

Assim como os protagonistas, os personagens secundários possuem traços únicos, dos mais variados, como é o caso do famoso professor Van Helsing. A obra de Bram Stoker possui tamanho impacto nas mídias de entretenimento contemporânea que até mesmo os personagens secundários ganharam (e continuam ganhando) obras centradas neles próprios. Segundo o Guinness Book, Drácula é o monstro que mais apareceu em obras de entretenimento, e sem dúvidas a obra de Bram Stoker teve grande influência nesta realização.

Pegue a cruz e o alho… ahn… digo, o seu café, e leia Drácula, essa é nossa recomendação! Se você, meu querido leitor, gosta de ser absorvido no universo do livro que está lendo, pode ter certeza que a obra de Bran Stoker irá cumprir com seu papel. Quanto aos amantes da literatura de horror e suspense, apenas uma mensagem: este livro é uma obrigação!

Por

Escritor, crítico e redator aficionado por livros e jogos eletrônicos. Conhecido como Veritas Volpe no ambiente artístico e literário.

4 Comentários

  1. Drácula é um clássico! Ao ler esse livro e os seguimentos se tem a impressão que se esta entrando no ambiente do escritor, vivendo as montanhas, sentindo o medo terrificante dos lobos famintos, sentindo a maquiavélica aproximação da maldade num torpor de enraizar o medo em todo o nosso corpo. Nenhum livro policial é maior que Drácula. A sua maneira como foi construído é de deixar o leitor com o medo nas mãos.

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