Escritor: Dan Brown
Tradução: Fernanda Abreu
Editora: Sextante
Ano: 2009
Título Original: The Lost Symbol

Dan Brown ficou conhecido mundialmente com seu livro Código da Vinci, protagonizado pelo professor de simbologia Robert Langdon. Com o último livro lançado, Origem, agora são totalizado quatro aventuras protagonizados pelo professor. Ou não seriam cinco livros? Por alguma razão, todo mundo, inclusive fãs de Brown, tendem a esquecer do livro O Símbolo Perdido, a 3° aventura de Langdon.

Infelizmente não é para menos. Para você ter uma ideia do que digo, querido leitor, após concluírem o segundo filme “Anjos e Demônios’, O Símbolo Perdido teve sua produção iniciada, mas logo o projeto foi interrompido para ser iniciado a produção do filme baseado no livro Inferno, obra lançada depois de O Símbolo Perdido por Brown.

análise do livro - O Símbolo Perdido
Um filme baseado no livro O Símbolo Perdido teve sua produção iniciada, onde Tom Hawks interpretaria o professor Langdon, mas logo o projeto saiu do papel para dar espaço para a produção do filme “Inferno”.

Como a nova aventura de Langdon, que agora troca de ares saindo da Europa para se passar na capital do império Norte Americano,  centra na história do país de origem do professor. Ou seja, temos um livro bem diferente do restante. Por um lado isso é bom, já que Dan Brown só consegue escrever uma história boa quando copia a fórmula e muda somente alguns elementos (como no caso de Código da Vinci e Anjos e Demônios) ou então produz uma história com algumas ideias boas, porém mal executadas (como no caso de Inferno).

Pontos positivos e negativos do Livro O Símbolo Perdido

Começando pelos poucos pontos positivos do livro, devo dizer que fiquei impressionado pelo romance não realizar a bajulação ultranacionalista que tantos autores norte americanos exploram em demasia. O mistério centra-se somente na história americana e faz alusões justas e sujas ao mesmo tempo de seu próprio país. Como sempre, Dan Brown também consegue escrever de forma fluída e fácil de compreender, simplificando o que poderia ser técnico e até mesmo maçante. Isso não evita que ocorram alguns erros ou simplificação de conteúdo técnico complicado, como a besteira de rastrear o endereço eletrônico através de “whois“, que é algo relativamente simples de se fazer, mas Brown tenta dar a ideia de que você precisa ser um hacker profissional para realizar tal tarefa. Parte do texto fluído merece crédito pela tradutora Fernanda Abreu, que fez um ótimo trabalho na edição de O Símbolo Perdido pela editora Sextante.

Análise do Livro O Símbolo Perdido
O Símbolo Perdido perde os ares europeus dos livros anteriores para se passar no coração e origem dos Estados Unidos: Washington DC

No entanto, o que mais me frustrou no livro foi o “grande mistério” que Dan Brown constrói a partir da segunda metade do conto. Em determinado ponto, a agente Sato da CIA apresenta um vídeo que pode mudar a visão do mundo e do próprio país (como se os Estados Unidos fossem bom hoje em dia…), e o leitor fica com aquela ansiedade de saber o que pode ser. Diferente de “Inferno”, um livro maçante com alguns pontos bons, mas que satisfaz no grande mistério no final, em o Símbolo Perdido o leitor se sente desapontado. Não mencionarei aqui para não passar Spoilers, mas também não recomendo meu querido leitor que você perca seu tempo lendo.

Outro aspecto muito negativo é o público-alvo do livro, que é mais do que notável: Homens brancos. Por alguma razão, o livro insiste em mencionar o Sr. Belani, um personagem secundário do livro, como “Aquele homem Negro”, como se fosse difícil enxergar um cidadão negro trabalhando em algum órgão do governo nos E.U.A. (com o grande preconceito daquele país, talvez seja mesmo!). Sem contar que, apesar de não bajular os Norte Americanos como sociedade em si, o livro faz questão de todo personagem que é Americano ou Inglês ser branco, firme e forte, simpático e legal, enquanto que personagens com traços de outras nacionalidades só parecem ter defeitos. Um exemplo é o próprio Langdon. Muitos elogios para o professor de Harvard cujas condições se assemelha a um “quase rico”. Quando se trata de Sato, uma asiática que trabalha para a CIA, que em certo ponto passa a ajudar Langdon, é sempre lembrada como baixinha, cruel, de hálito horrível de cigarro. Isso não ocorre simplesmente em O Símbolo Perdido, com em outros contos de Brown seguindo a linha de beleza estereotipada quanto aos Norte Americanos. Chega a beirar o ridículo.

Livro o Símbolo Perdido - coleção Dan Brown
Muitos fãs não se dão conto do livro O Símbolo Perdido. Com o mais novo livro Origem, agora são 5 histórias protagonizadas pelo professor Robert Langdon

É uma pena o livro ser mal executado da maneira como foi, já que bate em dois pontos interessantes: a maçonaria e a apoteose. Inferno também foi ruim, mas suas 50 primeiras páginas foram boas e o núcleo do enredo é realmente forte. Já O Símbolo Perdido só nos atribui algumas páginas no final do conto muito interessante (realmente vale a pena ler aquelas páginas) e alguns diálogos que por vezes se mostram filosoficamente relevantes. De resto é maçante e segue a mesma fórmula de seus outros cansados contos: Um vilão diferente e marcante fisicamente, como em o Código da Vinci e Anjos e Demônio, assim como tagarelices que, como minha irmã uma vez comentou ao ler uma obra de Brown, “mais parecem um filme de Hollywood do que uma história significativa e envolvente”.

Os livros que correspondem as aventuras do professor Robert Langdon são:

  • Anjos e Demônios
  • O Código Da Vinci
  • O Símbolo Perdido
  • Inferno
  • Origem
Por

Escritor, crítico e redator aficionado por livros e jogos eletrônicos. Conhecido como Veritas Volpe no ambiente artístico e literário.

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