Mais uma vez o Agente 47 retorna ao mundo dos games, agora para finalizar a trilogia World of Assassination iniciada em Hitman (2016).
Mas o que esperar desta mais nova adição à franquia protagonizada pelo assassino de aluguel modificado geneticamente mais querido do mundo dos jogos? Infelizmente, não muita coisa.
Mesmo sem grandes novidades, Hitman III continua sendo um excelente jogo
Lançado no mês passado (janeiro/2021), Hitman III possui como DLC os jogos Hitman (2016) e Hitman II (2018) desta nova trilogia, no entanto é este terceiro game que parece ser um DLC, e não os dois primeiros jogos.
Isso não quer dizer que o jogo seja ruim. Muito pelo contrário, seguindo os passos do seus antecessores, está mais do que claro que Hitman III é um jogão triple AAA, mas pela precificação os jogadores mereciam mais em termos gráficos e de gameplay.
A jogabilidade não só mudou pouco, como também ficou mais fácil (talvez com o objetivo de tornar o game mais acessível?). Tive mais dificuldade na primeira missão de Hitman (The Showstopper) do que na missão On Top of the World de Hitman III, que foi extremamente fácil (e olha que não não estou acostumado com a série Hitman, e não joguei os anteriores o suficiente para deixar a primeira missão mais fácil por prática).
Os métodos para matar e distrair os oponentes não tiveram grandes mudanças em relação aos antigos. Apesar de ter um quebra-cabeça legal para orquestrar uma reunião nada mudou em relação aos primeiros. Continua sendo isolar o máximo possível o alvo para utilizar os métodos já conhecidos de execução.
A verdade é que não adianta mudar alguns objetos de uso ou alterar os scripts pré agendados de uma missão. Isso só faz com que criemos uma sensação falsa de novidade em relação a jogabilidade. Uma jogabilidade que, convenhamos, é muito divertida desde o primeiro Hitman da série World of Assassination.
Quando Hitman surgiu com a ideia de utilizar os disfarces dos NPCs em 2016 com uma mecânica renovada e extremamente bem feita, fiquei impressionado. Eu não jogava um game divertido com este apetrecho de espionagem desde Commandos 2.
A mecânica não só é divertida como também é equilibrada, com diversas categorias de roupas e uniformes para se disfarçar. Os uniformes nem sempre são garantias de acesso a locais proibidos, já que gerentes e líderes destas categorias podem reconhecer quem é funcionário ou não, assim descobrindo o Agente 47 mesmo disfarçado de um mecânico ou garçom, por exemplo.
Somado a isto temos os lugares proibidos de acessar, mesmo que você esteja com um bom disfarce, o que resulta em inserções nos locais a là Metal Gear Solid. No entanto, diferente da obra prima de Kojima, nesta trilogia de Hitman o que a gente vê são cenários inundados de pessoas, então esconder um corpo abatido ou atordoado é extremamente necessário!
E cenários esses que, diga-se de passagem, são de encher os olhos. Hitman III conseguiu criar cenários ainda mais exorbitantes com efeitos de tirar o fôlego. Seja nos arranha-céus de Dubai (o reflexo do lado de fora nas janelas é sensacional) até a mansão de 007 Skyfall (ups, digo mansão Dartmoor), não tem como não ficar impressionado com os locais que o Agente 47 irá visitar.
Já os personagens não tiveram uma melhoria gráfica significativa. Na verdade, só percebi que houve alguma mudança gráfica, tanto no Agente 47 quanto em NPCs, após ver um vídeo comparando Hitman II com Hitman III no youtube (e sinceramente, em relação ao Agente 47, me pareceu que teve uma queda de qualidade). Porém, vamos analisar três pontos para sermos justos nesta questão:
- Hitman (2016) e Hitman II (2018) já possuíam gráficos impressionantes em relação aos personagens;
- Os gráficos dos cenários em si também não tiveram uma melhoria drástica, mas sim efeitos diferentes (como o reflexo no arranha-céu) e cenários exóticos. Na verdade trouxe visões diferentes, e não uma melhora gráfica significativa e;
- Estamos falando de um jogo que, em algumas missões, pode ser lotado de NPCs. Apesar das missões de Hitman III não serem popularizados com uma quantidade ridícula de NPCs, como é o caso da missão The Showstopper de Hitman (2016), a quantidade de NPCs poderia exigir muito do hardware se fossem muito detalhados, tirando a acessibilidade de quem possui um computador mais antigo ou daqueles que jogam em consoles.
Em uma conclusão final em relação ao gráfico, Hitman III não trouxe nada que já não tenhamos visto nos anteriores, mesmo trazendo lugares exóticos. Mas como os Hitmans anteriores da trilogia World of Assassination já possuíam gráficos de tirar o fôlego, a falta de novidade gráfica não chega a afetar o jogo negativamente.
Uma conclusão que vai além de contratos de assassinato
Uma ideia que sempre me afastou da série (desde os antigos) é a de matar por dinheiro. Talvez seja por isso que jogos como Metal Gear Solid, Commandos e Splinter Cell (mesmo com toda aquela bajulação ridícula para os Estados Unidos) sempre me chamaram mais a atenção.
Hitman (2016) e Hitman II ainda se baseiam na ideia de trabalhar para uma organização com contratos pagos, porém com algumas pitadas e reviravoltas mais criativas. Mas Hitman III vai além disso.
E, caramba, vou te dizer, se tem uma coisa que ficou muito melhor em Hitman III em comparação aos dois primeiros jogos desta mais nova trilogia, é a história. Estamos falando de ir atrás de uma poderosa organização que controla, literalmente, o mundo por detrás das cortinas e é regida por famílias aristocratas muito antigas.
É sensacional a atmosfera criada só com os arquivos dos alvos antes de começar a missão. O jogador vai realmente se sentir acuado quando ler o dossiê dos inimigos e ver quem o Agente 47 está indo atrás. Estamos falando de pessoas mais poderosas do que o presidente dos Estados Unidos ou que do partido socialista chinês!
E, para não dar Spoilers, vou somente dizer que o jogo colocou uma forte intriga que envolverá o Agente 47, Diana e seu antigo amigo Lucas Gray. Prepare-se para ficar de boca aberta com as ações que alguns personagens irão tomar!
Conclusão:
Hitman teve uma longa jornada para chegar onde chegou. Os primeiros games da série, quando surgiram lá no ano 2000, tinham o mesmo problema que o game Splinter Cell (lançado 2 anos mais tarde) ao meu ver: ambos possuíam aquele gameplay que você deveria selecionar a ação do que fazer, exibindo uma opção para selecionar. Nas novas iterações de Hitman (assim como de Splinter Cell) a mecânica ficou mais solta, similar aos jogos da franquia Metal Gear Solid, o que realmente trouxe um adicional positivo para o jogo.
Além disso, a IOI se esforçou para deixar Hitman III (e os antecessores da trilogia World of Assassination) como um gigante de peso no mercado, com gráficos robustos e atuais, uma história bem dirigida e atuação de voz sem igual. Uma pena o jogo não ter sido lançado com o idioma português, sendo o Brasil um dos maiores mercados de jogos eletrônicos do mundo.
Este é o fim da trilogia World of Assassination de Hitman, mas vamos torcer para que não seja o último da franquia envolvendo o Agente 47.
Obs: Confira a live da missão 2 no link abaixo: