Escritor: Eiji Yoshikawa
Desenhista e Adaptação: Takehiko Inoue
Ano: 2005Editora: Conrad Livros
Tradutora: Dirce Miyamura

Gosto muito de produções japonesas, principalmente no universo de games e filmes clássicos. Porém, são poucos animes e mangas que me chamam a atenção, apesar de vangloriar muito algumas destas produções. Quando comecei minha carreira de escritor, abri uma sociedade com o desenhista Gabriel Gondran, que foi a pessoa responsável de me informar a existência deste Manga. Dizia ele admirar muito o desenho de Inoue e que a obra possuía um cunho filosófico.

Vagabond apresenta um desenho realmente incrível. São poucos artistas que realmente conseguem conceber a vida em personagens através do desenho de maneira tão próxima da realidade. Tanto que na minha opinião fica para trás apenas dos artistas Ayami Kojima (小島 文美) e Taisuke Kanasaki (金崎 泰輔).

O conto desenhado pelo mangaka Inoue narra a história do maior samurai que já existiu no Japão, Myamoto Musashi, baseada na obra “Musashi” de 1935, escrito por Eiji Yoshikawa. O Volume 1 deste manga pode assustar quem busca um contexto mais filosófico, já que fica envolto de situações de sobrevivência e violência. A primeira edição de luxo da Conrad traz os 10 primeiros capítulos da serie.

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Com arte de tirar o fôlego, Inoue consegue expressar sentimentos e situações apenas com as ações e expressões dos personagens, utilizando pouco a escrita

Vagabond Edição de Luxo Volume 1 apresenta os 10 primeiros capítulos da história com um protagonista difícil de se gostar

De início, o protagonista Musashi é difícil de gostar. Seu amigo Matahachi aparenta ser muito mais humano e é mais compreendível em relação aos atos que comete. A dupla se encontra em diversos perigos após a derrota do exército da qual faziam parte na batalha de Sekigahara, ocorrida em 1600. Apesar de fazerem parte da armada, noções de patriotismo e nacionalismo representa pouco, ou quase nada, para eles.

Musashi, neste 1° volume ainda conhecido como Shinmen Takezo, possui poucos traços da sua vida revelados, porém o leitor já pode ter uma vaga ideia de que sua história o transformou em um homem que pouco valor da à vida, e seu objetivo parece ser a busca para se tornar o mais forte. A premissa parece ser como os mangas ao estilo Dragon Ball Z e Hunter x Hunter, o que pode assustar um pouco quem busca uma história com conteúdo mais aprofundado. Mas a verdade é que o volume 1 é uma apresentação necessária para entendermos a filosofia nos próximos capítulos, e acredito que o que Takehiko Inoue (o mangaka de Vagabond) quis fazer foi exatamente isso: nos apegar a Matahachi e desapegar de Takezo, pelo menos até o mesmo se tornar Musashi, o imortal samurai.

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Takezo e seu amigo Matahachi armam uma armadilha para o bandoleiro Tsujikaze.

A partir do capítulo 7, depois de ocorrer muitas situações e Takezo separar-se de Matahachi, o protagonista retorna para a vila Miyamoto, lugar de onde nasceu. Aqui começam a acontecer os eventos interessantes da história, onde o leitor conhece dois novos personagens fortes e que retornarão na história com suas personalidades interessantes: Osugi, mãe de Matahachi e Otsu, futura esposa do amigo de Takezo.

Na primeira vez que li Vagabond, fui até a edição 4 da Conrad luxo e lembro de ter ficado um pouco desapontado, já que havia adquirido os mangas procurando um material filosófico, e não heróis e brigas que tanto estamos acostumados aqui no ocidente. Porém, após reler novamente, fiquei impressionado com as informações nas entre linhas deixadas por Inoue. O leitor deve se atentar que os significados e sentimentos pouco são mostrados com palavras escritas, fazendo jus ao que realmente os quadrinhos representam, que são as representações nas ações do desenho para suprir as palavras e trazer a luz o verdadeiro sentimento e impacto que o leitor almeja.

Ou seja, mesmo se você não gosta muito de ler e prefere passar o tempo assistindo filmes ou jogando games eletrônicos para se divertir, este manga provavelmente poderá lhe agradar, e muito! Diferente de HQs da Marvel e da DC que utilizam muito texto, Vagabond abusa muito do desenho (bem expressivo e detalhado) para expressar as ideias, e a partir do volume 2 o conteúdo filosófico aparece com tudo.

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Na imagem constam todas as edições lançadas pela Conrad edição luxo.

Gostou da análise de Vagabond Edição de Luxo Volume 1? Então fique antenado, pois pretendo analisar todos os volumes lançados no Brasil com detalhes para deixar você por dentro do universo do maior samurai do Japão! Claro, sem tentar passar muitos Spoilers, por isso fique antenado para as análises das outras edições!

Por

Escritor, crítico e redator aficionado por livros e jogos eletrônicos. Conhecido como Veritas Volpe no ambiente artístico e literário.

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