Título Original: The Ghost
Escritor:
Robert Harris
Tradução: Fabiano Morais
Editora: Record
Ano: 2007 (Mundo) 2008 (edição brasileira desta análise)

Se você gosta de filmes com forte trama de suspense/mistério político, como o clássico Todos os Homens do Presidente (1976), ou dos diálogos entre Snake e Nastasha Romanenko no jogo Metal Gear Solid, você irá amar este livro. Se você só busca um mistério de tirar o fôlego com um final inesquecível, bom, esse livro é para você também.

Eu sempre vi Robert Harris como um escritor estilo Allan Massie: um jornalista, com interesse em história, que escreve sobre os grandes personagens da antiga república/império romano. Afinal de contas, Harris escreveu a excelente trilogia envolvendo o estadista Cícero, e também é autor de Pompeia.

Pensando bem, a trilogia de Cícero é altamente política, por vezes até um pouco técnica, mas nunca perdendo o encanto da narrativa de mistério/thriller (no maior estilo Dan Brown). Pensando dessa forma, o Fantasma parece estar bem na diretriz deste escritor.

Robetr Harris, o exritorde O Fantasma
Robert Harris, autor de o Fantasma, a trilogia Cícero, e Pompeia.

O Fantasma é, simplesmente, um dos melhores livros que já li

Cara, eu estava lendo uma penca de livros. Quando comecei a ler O Fantasma, simplesmente deixei maioria de lado. Finalizei em 15 dias, e só não terminei antes devido as festividades de fim de ano e o trabalho.

Estava há meses querendo adquiri-lo, porque o filme de O Escritor Fantasma de 2010 (que contou com um elenco incrível, entre eles Pierce Brosnan) foi sensacional, com aquele clima de mistério, reviravoltas e desolação.

Porém o livro, como sempre, é muito melhor. Fiquei impressionado com a riqueza de detalhes que, no curto período do filme, não foi possível exibir.

Kim Cattrall e Ewan McGregor também fizeram parte do elenco do filme O Fantasma.

No conto somos apresentados a um escritor que ganha a vida escrevendo a biografia de outras pessoas (o famoso escritor fantasma) e acaba tendo que escrever sobre o ex-primeiro ministro da Inglaterra, Adam Lang (esse baseado no político real Toni Blair), que está passando por grande visibilidade internacional por acusações de estar em complô com os Estados Unidos para extraditar jornalistas ingleses de origem muçulmana que foram torturados após um atentado terrorista na ilha britânica.

O protagonista acaba descobrindo segredos do antigo primeiro ministro e se vê envolvido em uma trama perigosa, inteligente e, diga-se de passagem, muito atmosférica, o que acaba transformando o escritor em uma espécie de detetive.

A versão dos fatos do autor Robert Harris

Infelizmente, no tangente a ideologia, Harris me parece ser um tanto conservador, apesar de não vilanizar a esquerda ou superestimar a direita em seu conto. Mesmo assim, Margareth Thatcher me pareceu, no comando da Inglaterra, muito mais de direita, removendo muitos direitos trabalhistas, enquanto que Tony Blair, mais alinhado à esquerda e que, segundo o próprio autor, foi a base para o personagem Adam Lang (interpretado por Pierce Brosnan no filme), é retratado como um fantoche dos Estados Unidos.

Esse fator, para mim, segue a paranoia da extrema direita de não reconhecer que governos de centro esquerda (democráticos e liberais economicamente, porém com forte controle do governo na economia somado a programas sociais) usualmente causam maior impacto positivo na grande maioria da população e melhoram o meio econômico como um todo.

O Fantsma Toni Blair Ministro britânico
Tony Blair, ex-primeiro ministro inglês.

E olha que o livro é de 2007, quase uma premonição da paranoia da extrema direita que estava para afetar os principais governos do mundo, inclusive o nosso.

Quando ouvia os áudios do Codec entre Snake e Nastasha no game Metal Gear Solid, e depois o mini livro fictício de Nastasha em MGS2, me perguntava se um dia leria um livro que me causa-se essa sensação de suspense, com uma trama política de cunho maior que poderia mudar a história do mundo, nem que por um curto momento. O Fantasma causou exatamente isso. Eu recomendo a todos que gostem de uma boa ficção política, de mistério, atmosférico, com sensação de isolamento e perigo. Nota 10!

Por

Escritor, crítico e redator aficionado por livros e jogos eletrônicos. Conhecido como Veritas Volpe no ambiente artístico e literário.

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