Autor: Allan Massie
Tradução: Maria Ignes Duque Estrada
Editora: Ediouro
Ano: 2005 (Brasil – 2° tradução), 1997 (Mundial)

Continuando a série Os Senhores de Roma, Allan Massie nos narra a vida de mais um general romano, desta vez Marco Antônio.

Marco Antônio e Cleópatra, como o próprio nome já revela, não fica centrado somente nos assuntos do antigo império romano, como o livro César fizera. Desta vez o conto passa em boa parte no Egito, a terra das magias e dos mistérios, dos Deuses antigos e, segundo os romanos, imundos.

Apesar de Marco Antônio estar quase sempre associado com Julio César, na saga Os Senhores de Roma de Allan Massie, o livro Marco Antônio e Cleópatra contrasta com mais força o livro Augusto – O Imperador Deus, romano que viria a gerenciar Roma após César. E devo dizer, é muito interessante. Quando lemos Augusto – o Imperador Deus, temos a visão do mesmo em relação ao general Marco Antônio, que fica muito próxima ao que conhecemos na famosa série da HBO (uma das melhores, na minha opinião, apesar das inconsistências históricas).

Já no livro Marco Antônio e Cleópatra, temos a visão do general através do seu fiel secretário grego Crítias. Isso faz com que esta obra de Allan Massie se assemelhe mais a César em termos narrativos, ou seja, através de outro personagem (o livro César é narrado por Bruto, um dos conspiradores) no passo em que Augusto é narrado pelo próprio imperador.

Marco Antônio e Cleópatra de Allan Massie traz uma nova visão ao tão criticado general romano

Marco Antônio é retratado como um bravo general por César, no entanto ele é mais conhecido pelas bebedeiras, péssimos hábitos e comportamento, assim como por suas péssimas decisões no final de sua vida, fatos amplamente disseminados por seus rivais (como Augusto).  Em poucas palavras, Marco Antônio sofreu o mesmo que Lépido, outro general romano, sendo difamado ao longo dos anos por seus rivais.

Porém Crítias tenta ao máximo trazer a verdade sobre os eventos passados por Marco Antônio, e Allan Massie escreve esses fatos de maneira interessante, sem escapar da cruel verdade sobre Marco Antônio, no entanto mostrando o que poderia ter ocorrido fora das versões de seus difamadores.

Dois exemplos em relação a visão diferente é quando Marco Antônio saiu de Roma para tentar conquistar a Partia, que segundo os romanos, eram um povo inconquistável desde os tempos antigos. Ele sai derrotado, mas ao invés de termos a visão Augusta do evento, em relação a loucura de tal empreendimento, temos a visão de Crítias, que nos informa como o general foi bravo e destemido ao ajudar seu próprio exército a fugir em segurança.

Parece propaganda reversa, e infelizmente é mesmo. É difícil darmos o devido crédito a Crítias, quando este secretário alimentava uma paixão secreta pelo seu senhor, e este alimentava uma paixão doentia por Cleópatra. Mesmo assim é interessante termos uma visão fora dos rivais de Marco Antônio.

O segundo exemplo é quanto a própria Cleópatra. Assim como seus rivais, Crítias também culpava a rainha pela loucura de Marco Antônio e pelas péssimas decisões, principalmente nas batalhas decisivas de Actium e Alexandria, na qual seriam a ruína do general. Porém, mesmo culpando a rainha devido ao amor cego, Crítias comenta mais as decisões da rainha em querer cuidar de seu país, ao contrário de seus rivais, que atribuem Cleópatra o papel de uma rainha louca, banal e depravada quase ao nível de Calígula.

Um bom livro, porém não no mesmo nível dos outros contos da série Os Senhores de Roma

Se você gosta dos assuntos pertinentes ao antigo império romano como eu, esta leitura vai te agradar, porém ela é muito inferior às suas outras contrapartes, como César e Augusto. Não é a toa que possui menos páginas também. No entanto, é interessante ver uma nova visão em relação ao general, e apesar de ser uma obra romantizada, se você quiser estudar um poucos dos eventos do império romano no tempo de vida deste famoso general, esta pode ser a leitura certa para você!