Autor: Jeff Mariotte
Ano: 2003
Distribuidora: Pocket Books

Gosta dos personagens da série de televisão Angel e das histórias de mistério envolvendo a detetive Miss Marple, criação da celebrada autora Agatha Christie? Então Solitary Man (Homem Solitário) é para você!

No entanto, assim como o conto do Buffyverse, The Diaries of Rupert Giles, me senti enganado ao ler este livro. Pensei ser algum conto centrado no personagem Wesley-Wyndam-Pryce (como a capa induz), porém o que temos aqui é uma aventura digna de algum episódio de televisão da Série Angel com os personagens principais da agência.

Apesar de não ser revolucionário ou nem mesmo marcante no universo Buffy, de maneira alguma é um livro ruim.
Solitary Man, inclusive, faz diversas referências aos contos de Miss Marple, a detetive idosa inventada por Agatha Cristie. O livro parece uma homenagem, trazendo a detetive Miss Marple na pele da personagem Mildred Finster, que, aposentada, viúva e sem mais nenhum livro de Christie para ler, decide emprestar suas habilidades que acredita possuir de detetive à alguma agência de investigação aleatória. É isso mesmo, a primeira agência que ela encontra é de detetives Angel.

Angel Solitary Man é o que acontece quando você cruza a série Angel com a Detetive Miss Marple

Apesar do conto narrar uma aventura original que segue de maneira próxima e segura para agradar os fãs da série, devo dizer que colocar uma “Miss Marple” na jogada deixou o conto bem interessante. O livro se passar durante a quarta temporada da série de TV do vampiro com alma, onde Wesley já não faz mais parte da agência. Gunn e Fred não estão se entendendo após a morte do malfeitor que aprisionou a cientista Fred na dimensão que a deixou marcada pela vida inteira.

Devo dizer que o início do conto é um pouco maçante. Temos o típico episódio de televisão da série, começando com uma investigação aparentemente simples, que acaba se tornando algo grandioso. Este “algo grandioso” é o grande problema do escritor Jeff Mariotte na minha opinião. Assim como no conto “Strangers to the Sun (Estranhos ao sol)“, o autor tenta criar uma catástrofe em escala global, tornando comum o que poderia ser o fim do mundo. Na série de televisão, esses tipos de episódios são cuidadosamente reduzidos, mas nos livros escritos por Jeff em relação a série, tudo parece ser o “último perigo universal que destruirá a Terra!”. Isso reduz significantemente o valor do perigo conforme lemos contos escritos pelo mesmo autor em relação a série.

No entanto, a partir do segundo terço do livro, ele começa a ficar interessante. Outros personagens da série começam a surgir, inclusive outras organizações, como os Watchers (guardiões ou sentinelas das caçadoras de vampiros). O conto também joga uma narrativa um tanto divertida sobre um homem que ficou adormecido por anos, sem ter sua aparência modificada, e quando acorda se depara com sua esposa, agora idosa, resultando em alguns diálogos interessantes e até filosóficos.

O livro Angel Solitary Man traz algumas ideias interessantes, apesar de nada inovadoras

Este homem, Gene Kinross, fica adormecido após entrar em contato com uma antiga relíquia que pode dar um incrível poder ao demônio Obregon. Causando destruição e morte por onde passa, Obregon busca por este objeto de poder, enquanto o livro nos traz um ar de detetive, com a agência Angel buscando por pistas e seguindo seu rastro.

Os capítulos finais ocorrem um uma antiga missão católica espanhola nos arredores de Los Angeles, e devo dizer que o livro fica muito atmosférico. Neste momento, Angel e Wesley estão trabalhando juntos e, para quem acompanhou a série, sabe que o antigo Watcher de Buffy não faz mais parte da agência de detetives por desentendimentos sérios com o resto da equipe. Antigas cassas e subterrâneos pavorosos recheiam a escrita de Mariotte na terceira e última parte do livro, trazendo uma sensação de horror como em alguns episódios da série.

Apesar de não ser um conto inovador, Solitary Man (Homem Solitário) traz uma boa adição aos livros da série Angel, mesmo recomendando somente aos fãs da série. Ou, se você for fã da detetive idosa Miss Marple que, na pele de Mildred Finster, nos dá um pequeno gostinho de como seria se a idosa detetive de Christie tivesse de lidar com Vampiros e demônios.

Não somente Christie, mas o livro também traz uma homenagem a Arthur Conan Doyle, com um personagem chamado Musgrave. Os fãs de Sherlock Holmes irão entender!

Obs: infelizmente o livro nunca foi traduzido para o português, se encontrando somente na língua inglesa.